Você se sente representado no ambiente corporativo?

É preciso pensar em representatividade como um reflexo da população que se busca incluir.

Texto: Potira Cunha
Ilustração: Gustavo Pedrosa
Capa
Imagine olhar para o lado, não se reconhecer em nada e perceber que as imagens que estão ao seu redor não se parecem com você, não dialogam com quem você é e não te representam.

 

 

Há muito tempo, essa tem sido uma situação comum na vida de diversas pessoas, principalmente no ambiente corporativo. Segundo um relatório da ONU Mulheres, 75% dos personagens que aparecem trabalhando em uma propaganda são homens e 62% deles são apresentados em funções de liderança, enquanto apenas 3% das mulheres aparecem nessa posição. Se pararmos para pensar, esse é um retrato fiel da nossa realidade.

 

 

Olhando para a população negra, os números são muito expressivos também. De acordo com o IBGE, 55,8% dos brasileiros são negros, mas sua presença no mercado de trabalho ainda é muito pequena. Em comparação aos brancos, apenas 29,9% dos negros ocupam cargos gerenciais. Dados do Instituto Ethos, OSCIP cuja missão é mobilizar e ajudar empresas a gerirem seus negócios de forma responsável, indicam que 58% dos aprendizes e trainees são negros, mas apenas 6,3% chegam a ocupar cargos de gerência e 4,7% se tornam executivos. Para as mulheres negras, a representação é ainda menor no mercado de trabalho.

 

 

Isso significa que há, de fato, um abismo entre brancos e negros, assim como entre homens e mulheres, e entre outros grupos de pessoas, como a população trans, principalmente quando nos voltamos para o ambiente corporativo.  Mas por que isso acontece? A resposta é simples: falta de representatividade.

 

 

A boa notícia é que, ainda que a passos lentos, as empresas vêm demonstrando um maior interesse em ter um ambiente mais diverso e acolhedor. Cada vez mais, as empresas têm sido cobradas a fim de que promovam mais inclusão e diversidade da porta para dentro. As eleições municipais de São Paulo, em 2020, refletiram um pouco desses primeiros passos na promoção da representatividade, com um recorde de vereadores trans eleitos – mas ainda é pouco: outros 900 municípios não elegeram sequer uma mulher.

 

 

A inclusão de alguns poucos representantes de determinados grupos não dá conta de promover a representatividade necessária. Nesse sentido, é preciso pensar em representatividade como um reflexo demográfico da população que se busca incluir. Mas como fazer isso?

 

 

Promover políticas de inclusão para incentivar e ampliar a presença desses grupos sub-representados, definir metas de contratação para diminuir a distância do mercado de trabalho para esses profissionais, bem como reduzir a desigualdade salarial são algumas das ações que podem ser feitas em qualquer empresa a fim de se tornar mais diversa.

 

 

Criar um ambiente acolhedor, livre de preconceito e discriminação, inclusivo e igualitário pode colaborar significativamente para a promoção da representatividade. Com isso, criam-se novos perfis de liderança que, certamente, servirão de inspiração e referência a tantos jovens, como os PROANES, que entram no mercado de trabalho pela primeira vez sem sentir representados, mas que passarão a acreditar muito mais em si e nas oportunidades que se colocarão à sua frente.

 

 

Vamos juntos transformar essa realidade?