Por que ter uma liderança feminina é importante?

A importância da diversidade em cargos de gestão nas empresas.

Texto: Potira Cunha
Ilustração: Gustavo Pedrosa
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No Brasil, mulheres começaram a votar somente a partir de 1932; até meados da década de 1960, as casadas precisavam de autorização de seus maridos para trabalhar; e só em 1988, a Constituição, finalmente, determinou a igualdade entre os gêneros feminino e masculino. Contudo, apesar dessas significativas transformações, a desigualdade de gênero persiste até os dias de hoje.

Com a pandemia, o abismo da desigualdade ficou ainda maior. As áreas de atuação de grande parte da população feminina foram as mais afetadas nesse período, o que deixou as diferenças ainda mais evidentes. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), 7 milhões de mulheres deixaram o mercado de trabalho no começo da pandemia.

 

O cenário pandêmico afetou as mulheres em todos os níveis. Levantamento do LinkedIn mostrou uma queda significativa na contratação desse perfil de profissional para cargos de liderança. De acordo com o Fórum Econômico Mundial, hoje, 61,9% das mulheres e 80,1% dos homens compõem a força de trabalho do Brasil, mas elas representam apenas 39,4% dos cargos de gestão do país. Mas por que isso continua acontecendo ainda que as mulheres sejam tão – ou mais – competentes do que os homens, invistam em autodesenvolvimento, em sua carreira, se capacitem e se esforcem tanto quanto seus colegas do gênero masculino?

 

Segundo pesquisa do Ipsos feita em 2019, três em cada dez pessoas, incluindo homens e mulheres, no Brasil ainda não se sentem à vontade em ter uma mulher como líder. Nesse sentido, não basta oferecer as mesmas oportunidades, mas é preciso mudar uma cultura histórica perpetuada até hoje para que preconceitos sejam quebrados.

 

Promover um ambiente de trabalho mais inclusivo, diverso e em que a equidade de gênero seja uma meta pode levar a resultados que vão muito além do impacto financeiro, como o aumento na satisfação do colaborador, fortalecimento, reconhecimento e engajamento da marca, entre outros.

 

A Harvard Business Review realizou um estudo que mostrou que as lideranças femininas se destacam em relação aos homens quando o assunto são as qualificações profissionais e competências, como habilidade para contribuir para a evolução dos funcionários, foco em melhores resultados, capacidade de desenvolver perspectivas estratégicas, ética, honestidade e integridade.

 

E quando o assunto é lucratividade, as pesquisas são ainda mais reveladoras: estudo realizado pelo Peterson Institute para Economia Internacional, em parceria com a Ernest Young, mostrou que empresas com ao menos 30% de liderança feminina têm um aumento de 15% na lucratividade. Já uma pesquisa da McKinsey & Company mostrou que empresas com mulheres na presidência ou vice-presidência conquistaram aumento de 47% na margem de lucro.

 

Para além de todos esses benefícios, há ainda o valor social, uma vez que mulheres em cargos de liderança servem de inspiração e estímulo para que outras não desistam de seus objetivos no meio do caminho. A Pesquisa Panorama Mulher, realizada pelo Insper em 2019, revelou que uma mulher na presidência aumenta em quatro vezes a chance de ter outra em cargos de conselho e em 2,5 vezes a chance de ter mais mulheres na liderança operacional.

 

Grandes empresas já têm dado passos importantes em direção a oferecer mais oportunidades para que mulheres sejam líderes. A Coca-Cola, por exemplo, ao perceber que a desigualdade de gênero em altos cargos da companhia era grande, implementou ações que abarcam desde processos seletivos mais inclusivos até apoio para mães e gestantes. O Grupo XP também firmou um compromisso público de ter pelo menos 50% de mulheres em todos os níveis até 2025, assim como o grupo Boticário tem desenhado metas para se tornar mais diverso. E a sua empresa, o que tem feito para promover a equidade de gênero na liderança?